Pombo sujo
- bahiagraff
- 1 de ago. de 2013
- 4 min de leitura
O pombo sujo Em um mercado da cidade de Salvador, chamado Feira de São Joaquim, nascia um pombo que seria chamado sujo. Ele tinha crescido numa gaiola e todo o seu mundo era reduzido a pequena jaula que por fim era ele mesmo, e seu destino era ser o pombo da paz para os religiosos. Desde pequeno foi educado a voltar pra casa sempre que terminasse sua missão, que era de purificar as pessoas, ele voltava pra casa sempre sujo de azeite, para recomeçar o ciclo da purificação, o caminho do meio era sempre a solução, pois ele acabava por conhecer os pombos de rua, que eram livres de emprego e consequentemente de gaiolas e ficavam fumando milho no centro da cidade. Também conheceu os periquito-Cult do rio vermelho, não gostava muito de lá, porque lá era demais um teatro com toda aquela pluma e paetês, claro que como ele existiam muitos outros pombos sujos, que tinham rotina parecida, que era ficar na gaiola durante o dia na feira posando de “todo todinho” para chamar atenção, não importava o quanto eles rebolassem, normalmente os mais brancos tinham mais oportunidades, por terem sido associados a paz por alguns senhores da lei, eles eram comprados para uma festança “retada”, entravam em contato direto como corpo do sujeito carregado, além do também o azeite, que fazia parte do fetiche do pombo que ao ser solto, sujo de azeite e das cargas dos outros voltava para casa. Para esperar a próxima compra, Outra coisa curiosa para um pombo era a amizade que fizera com as duas gangs mal afamadas ratos, que se dividiam entre, os ratos da lapa onde ele ia comer migalhas de pão de hambúrguer na lajinha da estação, os que circulavam pela feira à noite. Eram o próprio movimento, Eles em sua loucura dominavam a noite sem dono, a maioria deles viciados na farinha que vinha de alagoas, eram famosos por roubos, como o ataque a cesta do povo que estava do outro lado da feira, ali também rolava muita erva que as suas amigas baratas consumiam em grande quantidade além de fazer disso um ganha pão, eram ervas de todas as espécies como alecrim e chá mate, assim era a vida do pombo sujo, foi ali mesmo na feira, na gaiola ao lado que ele descobriu o amor na bunda de uma galinha d’angola, muito da safada que ensinou a ele sobre as utilidades do dendê, ela cantava sempre enquanto o amor ou a carne era saciada, Grite se quiser gritar Tá melada de dendê No cachinho dessa Timbalada... Mas como felicidade de pobre dura pouco, a galinha foi vendida para uma festa de caboco em santo amaro, o pombo sujo se “aquietou” e depois descobriu o pelourinho, lá tinham passarinhos das mais variadas raças e com os, mas diferentes tipos de cantar, além das regras que ele estava disposto a desvendá-las, tinha uma cacatua Italiana que chamava muita atenção e uma codorna espanhola também, mas sem duvida o que, mas lhe girava a cabeça eram as andorinhas da terra, que circulavam por ali, com seus lindos cabelos encaracolados, e sua cor de ébano, trazendo sempre consigo o calor do verão, assim por um bom tempo foi o lugar que seria a sua faculdade, o seu local de estudos antropológico, protegido pelo seu corpo fechado contra aquelas estavam em todos os lugares, as corujas! Sempre de plantão a dizer, mas esse menino é um pombo sujo, olha só de pé descalço, a roupa toda melada (de tinta porque vez por outra fazia bico de pintor) ele não ligava porque sabia que esse pé no chão era a sua ligação com a feira, a grande mãe, e que a roupa suja de tinta seria a sua armadura, e que um dia ia precisar dela pra vencer os problemas causados pelos urubus a rodear. Assim em um belo dia ouviu falar de uma terra, mágica, era a terra do além daqui, pensou se era para voar então que fosse para longe, outra terra, ouviu dizer que La jorrava leite e mel, e assim resolveu ir pra La. Assim com a sacola cheia de duas camisas e uma bermuda da Barroquinha voou para fazer um verão. Conheceu logo de cara uma andorinha “bonita” e faceira e foi aprender a fazer renda, em um verão com uma andorinha, o por do sol era especial, e o nascer também, assim ele foi aprendendo que no mar também tem vida. Conheceu um tubarão em recife que era vegano e não comia carne então era tranquilo o convívio, mas no rio de janeiro conheceu também uma tartaruga, que vendia chá mate na praia, e morava na mangueira, a vida de mar era linda. Assim ele escolheu os verões com uma andorinha só. Inconformado de estar ali resolveu viajar para a terra das aguas claras, que muito tinha escutado nas historias de sua mãe quando era só um pombinho. Sabia que no caminho ele ia enfrentar lobisomens, mulas sem cabeças e curupiras, raposas, e sacis, caiporas e se banhar com mãe d’água, quem sabe encontrasse João do calhamaço no caminho.
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